Como funciona o atendimento terapêutico com as crianças?
O trabalho com as crianças está fundamentado no entendimento do ser humano em sua dimensão ampla e não pelo "vir a ver", mas tomado assim em sua complexidade atual. E que, diante de grandes dificuldades, precisam de múltiplos meios para abarcá-las. Este atendimento às crianças é mediado de forma lúdica, onde são possibilitadas as suas expressões por meio de gestos, sons, traços, modos de realizar as brincadeiras, etc. Ao contrário do que muitos possam pensar, trata-se de um trabalho complexo, pois ele se baseia em uma riqueza de ofertas, que, inclusive vão não é apenas para dentro no setting do consultório, mas também pode ocupar espaços públicos.
Modalidade:
Acompanhamento terapêutico (em lugar de interesse no município de São Paulo).
Presencial em Pinheiros, zona oeste, São Paulo - SP, Brasil.
Público:
Crianças, de 2 até até 12 anos.
Família, redes de apoio, escola e outros espaços que as crianças frequentam.
Esse atendimento para pessoas de até 12 anos envolve a escuta do que há de diferença no discurso, secretariado para mediar os seus momentos que lhe forem necessários para promoção de sua autonomia e contractualidade. Ainda que tal trabalho permite espaços livres que, após análise, são ofertados "respiros", nos quais são momentos em que não forem necessárias mediações, para que desse modo, possa se colaborar para fortalecimento e sustentação dos passos alcançados pela própria criança e assim alcançar a tão sonhada autonomia.
Perspectiva ampla
Assim, junto da minha formação e experiência com base na teoria da psicanálise, busco acessar o inconsciente para que o mesmo possa ser ouvido, ressignificado e junto disso, há o alívio do sofrimento; com a perspectiva da análise institucional, desenvolvida tanto no mestrado quanto na especialização, para potencializar para muitos entraves possam ser descobertos e superados junto às instituições que a criança percorre (escolas, famílias, entre outras), e, junto disso, daqueles desafios que possam estar mais acessíveis e que possamos e devemos utilizar respostas mais concretas, para isso o trabalho se desenvolve em seis esferas: comunicações, sociabilidade, criatividade e imaginação, cognição, atividades de vida diária e parceria com redes de apoio (como família, escolas e outros lugares pelos quais a criança percorre) . Descrevo um pouco mais sobre cada um desses aspectos trabalhados com a criança abaixo:
As comunicações são ouvidas em diversos âmbitos, não apenas do que é mais acessível verbalmente, mas também por toda linguagem sem palavras, como por meio de gestos, balbucios que são todos significativos para que o diálogo possa ser constituído.
Sociabilidade:
A sociabilidade envolve a possibilidade de aproximações e das amplas possibilidades que esse campo envolve, desde como ao fazer uma atividade próxima ainda que virado para o outro lado, ao poder responder ou não ao que lhe é dirigido, até mesmo estabelecer maiores interações como convites para o dividir uma atividade, chegando nas possibilidades de incluir o outro. Tal questão é complexa pois envolve tanto as dificuldades diante de condições por vezes que a criança ou o adolescente tenha uma necessidade de grande proteção por sentir-se ameaçada pelo mundo ao redor quanto da complexidade de tais interações, de lidar com dizeres não explícitos, com dificuldades de outrem, etc.
Criatividade e imaginação:
Possibilidade de realizar estórias envolvendo personagens fictícios, que possam simular representações que fazem parte do mundo subjetivo e objetivo da criança e do adolescente. O trabalho aqui envolve e se articula com os modos de comunicação de cada um (verbal e não verbal), cognição e de sociabilidade.
Cognição
Possibilidade de resolução de problemas, que possam envolver os diferentes settings (do consultório e fora dele), e vão desde um como abrir uma embalagem até mesmo o cálculo de um troco em uma compra no mercado.
Atividades de vida diária:
No dia-a-dia a maior e menor possibilidade com relação a aspectos de autonomia e autos-cuidados vida, como: conseguir se auto-preservar-se num espaço ainda que fechado, ter possibilidade de discernir quando se está com vontade de ir ao banheiro ou beber água. Também envolve as possibilidades de pegar e guardar materiais utilizados (abrir e fechar embalagens), jogar lixo no lixo, amarrar cadarço, ida ao banheiro, escovar os dentes, lavar as mãos, etc. Até mesmo as atividades mais complexas como andar nas ruas (e o sendo de direção) assim como atravessar ruas e avenidas, realizar compras e as contractualidades que envolvem esses aspectos todos.
Parceria com família e outros espaços
A construção de um trabalho que possa se estender e se interconectar por espaços além de minha relação terapêutica com a criança e/ou adolescente é essencial para que a mesmo possa se fortalecer e ter uma conexão entre os mesmos.
É possível cuidar de autismo com essa abordagem múltipla?
Para o acompanhamento com crianças e adolescentes com diagnóstico de autismo, sigo o cuidado, junto das orientações acima, sigo conforme a recomendação de acordo com os trabalhos científicos da área da psicanálise, que indicou: "a necessidade de respeitar a singularidade da pessoa autista e sua forma de estar no mundo, buscando uma aproximação delicada e não invasiva" 1.
Referência:
1. SANTOS, J.; MACHADO, L. V.; DOMINGUES, E. Um olhar psicanalítico acerca do autismo: revisão bibliográfica. Estilos da Clinica, [S. l.], v. 25, n. 2, p. 322-338, 2020. DOI: 10.11606/issn.1981-1624.v25i2p322-338. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/estic/article/view/160616. Acesso em: 2 nov. 2023.
Quando a criança pode necessitar da terapia?
O atendimento individual para crianças pode colaborar para ampliar possibilidades de maiores e mais interessantes agenciamentos de vida dos mesmos em diversas situações. Dentre elas são quando os mesmos estão passando por experiências de vida muito desafiantes (como uma mudança na configuração da casa, como quando os genitores estão se separando, ou após algum acidente, doença ou perda de alguém próximo), podendo também ser por dificuldades de lidar com seus afetos e/ou relações, que trazerem incômodos muita angústia, assim como a realização de comportamentos que possam causar-lhes algum prejuízo, ou até mesmo paralisações de aspectos importantes para a vida contextualizados culturalmente para o que lhe é oferecido e exigido de algum modo, como dificuldades importantes para realizar as tarefas da escola, da casa e/ou de outros espaços de modo que estejam repercutindo em algum prejuízo para a vida. Em qualquer um desses casos a terapia é indicada e pode trazer inúmeros benefícios.
Psicanalista, pelo Fórum do Campo Lacaniano; Mestre em psicologia pela PUC-SP,
na área de saúde mental da infância e adolescência.
Especialista em saúde mental pela UNICAMP.
Graduação em psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
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Consultório particular (+5 anos de experiência)
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Professora e supervisora clínica faculdade de Psicologia.
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Mais de 14 anos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Trabalhando com saúde mental
direcionada ao público de todas as idades, e nos últimos três anos na área da infância e juventude na qual pude desenvolver trabalhos com escolas, crianças, adolescentes e seus familiares. Um ano de experiência como professora no programa de desenvolvimento pessoal do Objetivo Sorocaba-SP.
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