Durante a experiência de vida humana, dificilmente deixamos de viver alguma experiência de perda. Seja ela vinda com o falecimento de alguém que ama ou mesmo por uma experiência da vida que não temos mais, pela qual colocamos no lugar de uma pessoa amada, como um o rompimento de um relacionamento amoroso, a mudança de um ideal, o falecimento de um animal de estimação querido, rompimento de um estilo de vida que gostava, como começar a morar em um país que ainda não tem muitas referências, entre outras situações. Em momentos nos quais alguém que se ama ou de algo e não está mais, algumas vivências difíceis podem ser sentidas.
O psicanalista Freud diz que diante de uma perda significativa para cada pessoa há um trabalho de luto que pode ser feito e de forma natural, pelo seu aparelho psíquico. Isso, de modo que a pessoa possa, ao final deste percurso, seguir a voltar sua energia novamente para a vida.
Durante o início desse trabalho é usual a pessoa "enlutada" passar por momentos onde se tem um flash, ao pensar que ainda esteja presente a pessoa que se perdeu ou mesmo a experiência de vida que não está mais, ou até mesmo se ter uma experiência sensorial dessa presença, como parecer que ouviu a voz da pessoa ou de alguma sensação como se aquela experiência de vida estivesse presente, se questionando por momentos se perdeu - esse alguém ou esse algo - de fato.
Nesse primeiro momento do trabalho de luto também pode ser experienciado um certo “recolhimento da vida”, como: ao se passar a ter mais momentos que deixam de ver a beleza da vida, passar a não se alegrar com momentos que anteriormente a perda lhe eram lhe prazerosos; ou até mesmo evitar fazer coisas que antes gostava de fazer, por muitas vezes sentir “culpa”, como se pudesse estar “traindo” quem ou o que ou o que não está mais presente em sua vida.
O trabalho de luto seguinte envolve a possibilidade de entrar em contato com essa perda, pois é junto disso que pode-se ter consciência dessa falta e ser um aspecto significativo para ajudar a decidir se ficará voltado para algo que não está mais ali ou poder se abrir para as possibilidades de vida que lhe estão presentes, como as pessoas ao seu redor, novos lugares, novos ideais, entre outros. Trabalho que nem sempre é fácil, pois ainda que entrar em contato com a perda seja essencial para o trabalho do luto, não é algo que sempre se tem a possibilidade de se fazer.
Você sente algumas dessas experiências por um tempo significativo que não estão podendo ser trabalhadas para serem ressigificadas e fica se perguntando o que fazer?
Caso isso aconteça, você pode estar passando por um luto persistente, e é importante de se colocar para ampliar essa questão e cuidá-la, principalmente se tais experiências, como de retraimento da vida, vem junto de uma diminuição de sua auto-estima e se está sentindo-se com menor valor diante de alguém ou de algo.
Saiba que a análise pode ajudar em diversos momentos do trabalho do luto, como ao dar escuta, frente a cada uma das sua vida que você se sentir à vontade para trazer, ajudando a viabilizar a abertura de um espaço para que você possa realizar enterros e homenagens que forem necessárias. Num caminho no qual apareçam forças, possibilidade de lutar, de maneira tal que dê condições para que você possa se questionar do que é preciso sofrer e do que pode seguir em frente. E assim, trilhar um percurso no qual sinta a vida: a experimentando em suas possibilidades mais acessíveis até aquelas que nem pode imaginar antes.
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