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Foto do escritorAndréia Martinez Jozefczyk

Texto - “-Não sou ouvido(a)”: como apropriar-se da minha própria história?

Há inúmeras situações pelas quais as pessoas podem se sentir sem espaço para protagonizarem suas vidas, como quando não se sentem nem ouvidas ou vistas e/ou ao não conseguirem participar das decisões que lhe dizem respeito, desde as mais simples às mais complexas. Nesses últimos casos, pode acontecer, para muitas de tais pessoas, chegarem ao ponto de se “acostumarem” tanto com essas situações que podem ter dificuldade para saber até mesmo o que desejam, de modo que ficam sem opinar até mesmo quando elas tem, finalmente, essa oportunidade, ainda que as consequências dessa “não escolha” possam ser valorosas para elas.


Assim, se for seu caso, você pode se sentir sugada(o) se acontece alguns fatores da situação a seguir: alguém que está em sua convivência social diária lhe solicita inúmeros pedidos e você então os atende prontamente, contudo, quando é você mesma(o) que precisa de ajuda, não a tem. Você pode estar se sentindo sobrecarregada(o), e muitas vezes sendo nomeada - por quem está ao seu redor - como “cansada(o)”, o que pode descaracterizar a legitimidade das consequências até mesmo para seu corpo de seus esforços - por vezes intensos, que vão lhe deixando com incômodos que nem sempre são traduzíveis facilmente para o meio social. Nessa situação você pode se sentir que está com pouco tempo para si mesma(o).


Ainda, há aquelas pessoas que se sentem nem vistas nem ouvidas e podem ser nomeadas pelos outros ao seu redor como “reclamona”, ou é até mesmo ignorada(o) quando busca argumentar, ainda que repita de modos diferentes o conteúdo que gostaria de ser ouvida(o). Em tais casos, as pessoas podem até mesmo passar horas e horas do seu dia imaginando os modos de tentar se comunicar de um modo efetivo. Assim, tais pessoas podem sentir um cansaço diante de tais preparativos e tentativas para realizar um diálogo que de fato possa alterar algo em suas relações.


Assim, tais pessoas podem acabar não sendo consideradas para decisões do dia-a-dia, como a escolha do cardápio do dia, o estilo de roupa, viagens e até mesmo outras que possam impactar de modo mais abrangente em suas vidas, como a administração de seus bens.


  Se você estiver passando por alguma dessas situações, de modo que você esteja se sentindo sugada(o), não ouvida(o) nem vista(o), chegando ao ponto de não conseguir realizar suas escolhas, talvez você já tenha pensado que pode estar tendo dificuldade em ser protagonista de sua própria história.


Caso você se reconheça de algum modo com tal dificuldade em poder realizar agenciamentos de vida, saiba que podem ter meios pelos quais possam colaborar para que você tenha uma postura de vida de modo que você seja reconhecida(o). Um grande passo para isso é o próprio re-conhecimento de tais situações, elas poderem ser vistas é um modo de começar suas mudanças; além disso, muitas atitudes podem ser necessárias, a depender de como se configura cada situação e até mesmo pode ser necessário uma ajuda de outras pessoas que são (ou possam vir a ser) suas redes de apoio e até mesmo outros serviços para além da saúde mental, como os que colaboram com a garantia de seus direitos.


Independentemente da necessidade de apoios extras, por meio do espaço de psicoterapia psicanalítica, você pode percorrer um caminho possível para ir ao encontro de posicionamentos de vida novos e mais interessantes. Isso pois, as sessões proporcionam um espaço no qual você se sinta finalmente vista(o) e ouvida(o). Ao longo das sessões podem ser abertos muitos espaços que você se sinta confortável para compartilhar - por meio de diversos modos de linguagens - sobre suas vivências, percepções, afetos, e ao exercer a voz para falar um pouco mais e mais sobre tais situações, virão aspectos seus que talvez você não tenha tomado consciência anteriormente, ajudando a se auto-conhecer cada vez melhor.


Com isso, a análise pode dar terreno para que seja traçada uma trajetória sua, protagonizada por você, na qual poderão vir elementos inusitados sobre o que lhe é mais genuíno e assim poder se sentir mais tranquila(o) para realizar e participar, enfim, de decisões que lhe sejam próprias.





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